Está a pensar colocar implantes dentários? Saiba tudo antes de tomar a sua decisão!

Vivemos tempos um pouco estranhos: com o aparecimento e sucesso dos Implantes Dentários assistimos a um recrudescimento e liberalização das extrações dentárias, a par de um marketing agressivo que tenta convencer as pessoas que, após uma intervenção em que lhe são extraídos todos os dentes e colocados uma série de Implantes, sairá contente e feliz, comendo maçãs e nunca mais terá problemas de dentes na vida.

Nada poderia estar mais longe da realidade: se há casos em que este tipo de intervenção certamente se justifica, muitos há em que os dentes do paciente poderiam e deveriam ser conservados, já que o dente natural continua a ser o melhor Implante do Mundo. Os tratamentos de base servem precisamente esse propósito.

Os Implantes são o fim da linha, podemos sempre passar de dente natural para Implante mas não o contrário. Então é assim que eu pauto a minha prática: preservando o mais possível os dentes naturais.

Posto isto, que factores há a ter em conta quando se equaciona o tratamento com Implantes:

Factores do paciente

Quantidade e qualidade do osso presente, existência de contra-indicações ou factores que diminuam a taxa de sucesso

Factores do Médico

Deve ser um cirurgião oral experiente.

Implantes Dentários

Há uma infinidade de marcas no mercado com os mais variados preços e qualidade, é dever do cirurgião escolher uma marca que dê garantias de qualidade, mesmo que mais cara, já que é um material que ficará de forma definitiva no osso do seu paciente.

Depois nesta nota introdutória passamos então à contextualização detalhada do que são os implantes dentários, para que servem, e mais importante que tudo, em que condições devem ser usados.

O que são os Implantes Dentários?

Os Implantes são raízes artificiais de titânio (metal com excelente biocompatibilidade) que se colocam no osso criando uma base sólida sobre a qual se podem colocar quer um dente individual (Exemplo: perda do 1º molar inferior direito) quer reabilitações mais extensas (Exemplo: pontes ou reabilitações totais), funcionando de forma muito semelhante aos dentes naturais.

fotos-implantes-dentarios

Os Implantes Dentários foram, sem dúvida, um dos grandes avanços na área de reabilitação e saúde Oral. Devem ser criteriosamente usados para que a sua taxa de sucesso seja alta. Por outro lado nunca nos devemos esquecer que, sendo uma solução fantástica para quando já não há dente ou quando este está irremediavelmente perdido, não devem ser usados enquanto não se esgotarem todas as possibilidades de preservar o dente ou dentes naturais.

Para que servem?

Os Implantes Dentários vão restituir a função e a estética, repondo dentes em falta sem necessidade de tocar nos dentes naturais vizinhos. Este ponto é uma enorme vantagem em relação às técnicas de prótese fixa tradicional na qual a ancoragem é feita, não no osso, como no caso dos implantes, mas nos dentes naturais vizinhos que têm por isso de ser desgastados (o que é de evitar principalmente se temos boas condições ósseas).

protese fixa tradicional vs implantes

Legenda:

  • Do lado esquerdo a reposição do incisivo central foi feita com uma ponte em que se desgastam os dois dentes vizinhos nos quais a ponte é cimentada.
  • Do lado direito vemos a reposição do mesmo dente com um implante ancorado no osso onde irá ser colocada uma coroa.

Vantagens dos Implantes Dentários

Perservar o osso

Quando se faz uma extração dentária não perdemos só o dente: a partir do momento da extração tem início um processo de reabsorção óssea que tem consequências funcionais e estéticas muito marcadas, podendo mesmo ser dramáticas (principalmente quando estão envolvidos vários dentes).

Quando colocamos um implante vamos desacelerar ou mesmo impedir essa reabsorção .

Diminuir a sobrecarga nos dentes remanescentes 

À medida que se vão fazendo extrações os dentes remanescentes são obrigados a suportar as forças mastigatórias dos dentes em falta sofrendo por isso uma sobrecarga importante que vai determinar uma diminuição da sua sobrevida. Ao repormos os dentes em falta com Implantes estamos a reverter este processo.

Vantagens dos Implantes Dentários em relação à Prótese Removível:

Quem tem uma prótese removível sabe o quanto melhor é ter uma estrutura fixa, que é integrada como própria (e nunca como um corpo estranho), não tem ganchos inestéticos, tem perfeita estabilidade e uma eficácia mastigatória muito superior. Por outro lado há o efeito psicológico: quem tem uma prótese que envolva os dentes mais visíveis sabe a tristeza que é ver-se desdentado cada vez que tira a prótese para a limpar ou dormir.

Reabilitando com prótese fixa (quer sobre implantes quer sobre dentes naturais) isto já não acontece e a pessoa já não se vê desdentada. Há ainda a referir o efeito “dominó” que as próteses removíveis muitas vezes têm, ao cariarem os dentes que suportam os ganchos o que, ao longo dos anos, vai fazer com que haja extrações que seriam evitáveis.

Taxa de Sucesso e Contra-indicações 

Hoje em dia e, desde que a cirurgia seja efectuada por cirurgião experiente usando Implantes que lhe ofereçam boas garantias de qualidade, os implantes têm uma taxa de sucesso muito elevada (variando dos 95 aos 99%).

Há, no entanto, factores que diminuem esta taxa de sucesso, podendo mesmo ser contra-indicações à colocação de implantes;

  • Doenças sistémicas graves
  • Pacientes submetidos a radioterapia da zona
  • Diabetes não controlada
  • Idade: crianças e jovens até aos 16-18 anos  (temos que aguardar o fim do desenvolvimento ósseo)
  • Gravidez
  • Tabaco: diminui a taxa de sucesso, principalmente nos grandes fumadores (1 a 2 maços dia)
  • Doença Periodontal não controlada. etc…

Fases do Tratamento com Implantes Dentários 

Exame e diagnóstico:

  • História Clínica,
  • Observação,
  • Exames Radiográficos,
  • Exames laboratoriais

Cirurgia:

  • Pode ser feita com Anestesia local ou geral. Sempre em campo estéril.
  • Faz-se uma incisão  na gengiva (cuja extensão depende do número de implantes a colocar) e, com brocas calibradas, prepara-se no osso o leito onde se insere o ou os implantes.
  • Seguidamente sutura-se a gengiva.
  • Em alguns casos não é necessária incisão na gengiva colocando-se o implante através desta  não havendo necessidade de pontos. (Exemplo: reabilitação com implantes)
  • São prescritos analgésicos, anti-inflamatórios, desinfectantes tópicos e, em muitos casos, cobertura antibiótica.
  • O paciente é visto 1 semana depois para controle e tirar pontos.

 Carga Imediata: 

Em casos favoráveis podemos colocar coroas provisórias nos implantes (carga imediata) (exemplo: perda do incisivo central superior esquerdo) que serão substituídas por coroas definitivas após o período de osteo-integração.

Período de Osteo-integração:

Após a colocação do implante segue-se um período de osteo-integraçaõ que varia ente 3 a 6 meses no qual o organismo vai formar osso novo à volta do implante, integrando-o e permitindo que esse implante possa aguentar as cargas mastigatórias.

Moldes e colocação de coroas:

No final do período de osteo-integração procede-se à moldagem e fazem-se as coroas/pontes ou reabilitação completa, que se aparafusam aos implantes funcionando como um dente natural.

Manutenção

O sucesso a longo prazo dos Implantes, tal como dos restantes tratamentos dentários, depende de uma boa higiene oral e é importante que a pessoa perceba o vital que o seu papel é nesta área.

Para além disso o paciente deverá vir a consultas de revisão de 6 em 6 meses ou, máximo de ano a ano.